quinta-feira, 14 de julho de 2016

A HISTÓRIA DAS BRUXAS



O imaginário sobre as bruxas foi constituído em torno do horror, sendo elas retratadas como símbolos e praticantes do mal. Em torno dessa representação maligna elas foram retratadas como mulheres assustadoras, sinistras e passaram a povoar histórias de terror e narrativas para assustar crianças, estando presentes na elaboração de lendas, na criação literária e em filmes. As imagens de figuras más e perigosas foram sendo passadas de geração em geração.


Feministas e pesquisadores a partir da década de 1970 começaram a rever essas caracterizações e estereótipos, indo em busca de outras perspectivas e outras histórias sobre as bruxas. A Idade Média é um período importante para compreender a história da bruxaria, pois nesse período acusação de bruxaria era grave e frequentemente terminava com condenações a morte por meios cruéis. Mas as origens da bruxaria medieval não tem nada a ver com as acusações de vínculos com o Demônio que a Igreja Católica e o Estado insistiam em abordar através da imposição de regras, expressões de moralidade, condutas e papéis sociais e doutrinas religiosas. Claro que nem todo mundo se enquadrava nesses parâmetros e muita gente não queria se enquadrar, inclusive muitas mulheres se recusavam a seguir os ditames de então e viravam alvos de uma reação violenta e variada.


Em comunidades camponesas ou em grupos isolados eram comuns as atuações de pessoas que realizavam atividades de curandeirismo - inclusive pela ausência de uma atividade médica regular. Para realizar os procedimentos recorria-se ao socorro de insumos naturais e o conhecimento sobre ervas, raízes, misturas e rituais de cura acabou sendo também enriquecido por algo muito presente naquelas sociedades: o misticismo. Mulheres, geralmente submissas, conheciam liberdade quando atuavam como curandeiras e suas atividades lhes davam certa influência sobre as comunidades, pois eram vistas como orientadoras religiosas, referências de sabedoria e, claro, como destacadas lideranças entre essas populações, o que era um problema para quem controlava o poder.


Perseguir mulheres que claramente desempenhavam essas atribuições era uma solução para exercer mais controle sobre as comunidades e fazê-las cumprir penas decorrentes das acusações de bruxaria era um meio eficaz de impor "exemplos" para quem eventualmente fugisses dos parâmetros tidos como aceitáveis e, na verdade, obrigatórios para as pessoas. É verdade que muitas das acusadas realmente renegavam a diretriz instituída pela Igreja, pelo Estado e pelos costumes predominantes, seguindo outros princípios religiosos e morais, sendo certamente estas as mais fáceis de caírem diante das acusações e virarem alvos dos meios repressivos. Não era raro que mulheres vivessem diante da vulnerabilidade da perseguição por causa de outros fatores, como o caso de viúvas ou mulheres solitárias cujos bens eram cobiçados e tomados quando acusadas de bruxaria mesmo sem evidências dignas de cuidado.

O sistema patriarcal favorecia a pressão acusatória sobre mulheres e exercia por meio da qualificação delas como bruxas um meio de intimidação evidente. E associado a todos esses fatores estava, obviamente, estava o forte fanatismo religioso que vinculava muitos comportamentos a efeitos demoníacos intoleráveis e passíveis de uma intervenção severa para livrar o mundo do mal de agentes de Satanás.




Mesmo finda a Idade Média a atuação contra as alegadas bruxas continuou. Estima-se que cerca de nove milhões de mulheres foram vítimas de intolerância na Europa e nas colônias britânicas na América entre os séculos XVI e XVII por acusações de prática de bruxaria.




Fonte: História Blog

Nenhum comentário:

Postar um comentário