sábado, 29 de novembro de 2014

A FUGA DE UM ESCRAVO


Ele tem cerca de 18 anos, de estatura média, sem barba, com boas pernas, uma covinha no queixo, um dente espetado no esquerdo do nariz, uma cicatriz acima do canto esquerdo da boca, tatuado no pulso direito com duas letras bárbaras. Ele levou com ele três moedas de ouro, dez pérolas, um anel de ferro com ornamentações e estava vestindo um casaco e uma tanga. Quem trouxer de volta esse escravo receberá recompensa de 3 pesos de cobre. Se for resgatado de um santuário receberá 2 pesos de cobre e se for resgatado da casa de um senhor de posses receberá 5 pesos de cobre.

Este não é um registro de escravo fugitivo em nenhuma parte das Américas dos século XIX. Trata-se de um registro egípcio do século II antes de Cristo resguardado num papiro no qual consta a narrativa sobre a fuga de Hermon, um escravo de origem síria. Os valores das recompensas variavam, pois envolviam as dificuldades das três hipóteses: Ser capturado a esmo era mais difícil do que ser encontrado num santuário - onde não eram raras as presenças de escravos foragidos - e, enfim, ser retirado das posses de um outro senhor era algo mais complexo, pois acabaria resultando numa disputa pelo escravo - e esse poderia ser justamente uma manobra que Hermon poderia ter empregado para sair de Alexandria ou mesmo do Egito.

O esperto Hermon não fugiu sozinho. Estava com outro acompanhante (um amigo? um amante?), Bion, escravo de um importante funcionário do Estado. Bion tinha baixa estatura, mas tinha uma musculatura forte e "olhos brilhantes" (sendo este último traço um detalhe curioso da descrição do foragido). Ambos carregaram objetos furtados, inclusive roupas femininas.


Se foram capturados certamente sofreram um pesado castigo físico, mas é interessante pensar que a dupla escapou da perseguição, pois não há registro identificado sobre o desfecho desse caso.

Fonte: Historiablog
Imagens: Google imagens

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