domingo, 21 de setembro de 2014

HOMENAGEM AOS 80 ANOS DO COLÉGIO SERÁFICO



Fachada do colégio

O Blog da Professora Isabel Aguiar presta uma homenagem ao aniversário de 80 anos do Seminário Seráfico Nossa Senhora do Brasil que mantém o Colégio Seráfico Nossa Senhora do Brasil. Para mim é uma alegria compartilhar com todos vocês essa história, tendo em vista que sou professora desta instituição de ensino, além disso, meu irmão estudou lá, eu fiz a minha primeira comunhão na Igreja do convento e meu local de votação é no referido espaço.

Cumprindo meu papel de historiadora, procurei saber um pouco da história de como surgiram os primeiros conventos de formação de seminaristas da Igreja Católica e em seguida falo um pouco da caminhada do Seminário Seráfico junto ao povo de Messejana que vem a contribuir com a educação e a propagação da fé católica entre os moradores do bairro. 

Pesquisando sobre o tema, encontrei um documento importante. A estudante de mestrado Katiane Maciel Pereira nos trás em sua dissertação intitulada: "MESSEJANA DA EDUCAÇÃO: a ação educacional da Igreja Católica na produção espacial (século XX)" muitas informações enriquecedoras a cerca do tema.


COMO TUDO COMEÇOU

(1909) Foto de autor não identificado 
(Os quatro primeiros frades Capuchinhos
 Italianos em MANAUS-BRASIL)

A Igreja Católica, ao longo de sua história, traçou projetos que viabilizam a manutenção do seu poder político, cultural e econômico. Entre suas ações, existe a formação de intelectuais, cujo objetivo é a defesa dos ideais desta instituição. Desde o século XIX, a Igreja preocupou-se com a formação de um catolicismo conservador no Brasil, que visava a minar um catolicismo popular que aqui se formava. Uma das práticas tomadas pela Igreja Católica versou na constituição de numerosos grupos escolares e seminários no País. É preciso difundir e compreender que os estudos dos aspectos socioculturais têm tanta importância como qualquer outro elemento, para se compreender e interpretar a conquista histórica do espaço geográfico. Sendo assim, as pesquisas sobre o tema  tentam aliar as temáticas sobre religião, espaço e educação, envolvendo as ações instrucionais da Igreja Católica, na qualidade de agente (re) produtor de determinadas condições sociais, à medida que esta se apropria, organiza, produz e reproduz o espaço ao seu redor. 
Com o objetivo central de analisar a conformação do espaço de Messejana, mediante a instalação de escolas confessionais, buscou-se o entendimento do papel sociocultural desempenhado por estas instituições de ensino no referido Distrito. Ao longo de sua história, Messejana foi fortemente orientada pela religião Católica que marca sua presença desde o período jesuítico. Um dos principais marcos do Distrito é sua centenária Igreja-Matriz de Nossa Senhora da Conceição, ao redor da qual Messejana cresceu. 
A atuação da Igreja Católica reflete na organização do espaço como um agente social (por muitas vezes eficiente) capaz de interferir na produção e consumo deste espaço. Com efeito, o estudo da religião e da história da educação no Ceará servirá de arcabouço teórico para asseverar o potencial transformador deste agente produtor do espaço.

A CHEGADA DOS CAPUCHINHOS EM MESSEJANA

Foto: Google imagens

A primeira congregação a se instalar em Messejana no século XX foi a Ordem dos Capuchinhos. Em Messejana, estão localizados a Casa/Sede Geral das Irmãs Capuchinhas, noviciado, Casa das Irmãs idosas, Convento e Instituto Frei João Pedro de Sexto. Também estão presentes os Capuchinhos da Província de São Francisco das Chagas (do Ceará e Piauí). Esta foi a primeira a instalar um seminário e escola em Messejana. Trata-se do Seminário Seráfico Nossa Senhora do BrasilSegundo Moraes (2000), os missionários capuchinhos, que atuam em Messejana, são originários dos capuchinhos lombardos.

UM POUCO DA HISTÓRIA DO COLÉGIO

visão geral do colégio, convento e capela

Os frades capuchinhos, tendo a necessidade de instalação da ordem no Ceará e Piauí, procuravam um lugar calmo e retirado para aí instalar um Seminário. Aproveitando-se da relação histórica de Messejana com a religião católica, da sua relativa proximidade com o centro de Fortaleza, do ambiente calmo e verde, com grandes espaços para a expansão do seminário e que permitiria a instalação de outras congregações, tornaram esta uma área atrativa para a referida Ordem.
Em 1934, foi inaugurado o Seminário Seráfico de Messejana, embora tendo sido concluído apenas anos depois. Entre 1945 e 1965, o Seminário de Messejana educou turmas de crianças e jovens, oscilando entre 70 e 90 seminaristas ao ano. No ano de 1969, o Seminário passou a admitir alunos de fora para estudar com os seminaristas. Entre 1970-1972, foram admitidos alguns alunos internos não vocacionados, mas que aceitavam a disciplina do Seminário.
Segundo Frei Paulo, ex-Diretor do Colégio Seráfico, o Seminário foi criado inicialmente para a formação de frades, porém, ao longo dos anos, em razão das modificações internas da própria Igreja, dada a nova conjuntura que se apresentava (as determinações do Concilio Vaticano II), na década de 1960 e 1970, o foco de atuação do Seminário foi ampliado.
Em 1974, foi feito o primeiro convênio com a Secretaria de Educação do Município e, em 1976, com o Ministério da Educação – MEC.
Neste sistema, a escola cedia o espaço e o Município participava com o
fornecimento dos funcionários, equipamentos (televisão para o tele ensino, material didático, e merenda escolar), porém a administração, a direção da escola ficava sob o controle dos frades franciscanos.

Em 1976, o colégio passou a funcionar com classes mistas. Os seminaristas estudam com alunos e alunas de fora do Seminário.
Em 1998, com a retirada do convênio, o Seminário Seráfico entrou em severa crise. A retirada do convênio levou à perda dos professores, merenda escolar, material didático e de escritório. Segundo Frei Paulo, a retirada do convênio “causou uma grande dificuldade, primeiro que nós não éramos acostumados a administrar a escola com nosso próprio dinheiro, outra, nós não somos educados para a educação, nós somos formados para a catequese” (FREI PAULO, Colégio Seráfico, 05/03/2010). De acordo, com o Sacerdote, os próprios frades tiveram num primeiro momento que assumir a sala de aula.

Desde então, a escola passa por uma reestruturação, tendo voltado à condição de escola particular totalmente gerida pelos frades capuchinhos, tendo como referência pedagógica e administrativa o Colégio Pio X, localizado no centro da Cidade , extinto em 2006. A primeira gestão da instituição coube ao Frei Benjamim de Bergamo, seguida por outros frades que por ela passaram. 

Atualmente, o Colégio Seráfico é administrado por Frei Benedito Braga filho, assessorado por uma equipe de profissionais leigos que tratam da gestão, tanto administrativa como técnica e educacional da instituição.
Em 2001, por orientação do Conselho de Educação, muda o nome de Seminário Seráfico Nossa Senhora do Brasil para Colégio Seráfico Nossa Senhora do Brasil. Segundo a direção, o Colégio Seráfico oferece aulas do ensino fundamental ao pré-vestibular e tem como propostas básicas as seguintes:
1 – ter uma proposta de vida fundamentada na ética cristã, que ofereça
respostas aos desafios dos tempos atuais e dos novos tempos;
2 – proporcionar a organização de eventos e atividades escolares, atuando
neles de forma cooperativa, participativa e integrada;
3 – favorecer um ambiente fraterno, alegre, em um clima de reciprocidade e confiança; e
4 – promover conhecimentos, saberes atualizados, contextualizados e críticos, numa relação interdisciplinar que favoreça ao educando situar-se no mundo e ser capaz de fazer a sua síntese, integrando ciência, fé e valores morais e espirituais.

O Colégio Seráfico oferece aulas de catecismo sob a coordenação da Srª. Dinamar Albuquerque (chamada carinhosamente de Tia Dina) para seus alunos, além de confissão e preparação para o Crisma. São promovidos encontros semanais para leitura e reflexão dos textos bíblicos.

Como podemos observar, o Colégio Seráfico Nossa Senhora do Brasil mantém uma posição comum às escolas confessionais católicas: ensinar os dogmas e as práticas do catolicismo aos seus alunos, buscando envolver toda a família na educação cristã que pretende colher como resultado pessoas seguidoras da doutrina católica como forma de manter a religião.

A escola possui ambientes calmos e silenciosos (na maior parte do tempo). Os alunos são orientados a caminhar com delicadeza, não sendo permitido retirar-se da sala de aula sem autorização do professor.
Quanto as atividades extraclasse – catecismo, reuniões de Crisma, missas, grupo de jovens – são oferecidas a todos os alunos. Não existe imposição, pois aceita estudantes que não são adeptos da religião católica; mas Frei Paulo assevera que : 
[...] Nós não podemos deixar de falar e trabalhar a nossa
mística. Eu aqui não deixo, não permito um aluno meu ficar
sem assistir a missa mensal da escola, pode ser da religião
que ele for, mas ele tem a obrigação de estar na celebração.
Por que a celebração eucarística da escola é um momento
também educativo, formativo para eles. Se lá ele tiver rezando
para o Deus dele em quem ele acredita para mim não é
problema mais ele tem que estar naquele momento ali junto
com os outros. Eu não abro mão disso. (FREI PAULO, Colégio
Seráfico, 05/03/2010).

No final de 2009, a escola se associou à Rede Católica de Ensino (RCE). A partir de 2010, todo o material didático, incluindo agenda, livros didáticos, material de vídeo e áudio, além de material para capacitação de professores, passou a ser adquirido por meio da produção da Rede Católica de Ensino – RCE.
Com relação a estrutura física, o colégio  conta ainda com a casa de repouso, onde estão instalados os frades idosos.
Entre as ações desta escola na comunidade, temos que ela desenvolve projetos sociais, envolvendo interação da comunidade escolar com seu entorno. Trata-se do projeto “Recriando o Espaço Sócio Educativo do Bairro de Messejana: um projeto de intervenção e responsabilidade social do Colégio Seráfico”. Segundo descrito no site da própria escola, este projeto visa à criação de espaços socioeducativos coletivos no bairro, a fim de promover a cultura, lazer, esporte, atividades ocupacionais e preservacionistas, bem como informações às crianças, aos jovens e adultos, mediante valores cristãos.
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Para tanto, a escola abre seu espaço interno para a comunidade, promovendo cursos, catequese, comemoração de datas religiosas, entre outros eventos.

Espero que tenham gostado dessa singela homenagem.

Fontes : 

Imagens: google imagens ,  facebook da instituição

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